Avó,
Carambas! 2 anos, e ainda nem sequer me habituei a ideia! Era um amor à antiga, daquele que não se expressa por abraços, por beijos, por palavras cheias de ternura, mas era minha amiga, muito!, e gostava de mim para carambas, assim como eu gostava dela.
Até a 2 anos atrás, eu não conhecia a minha existência e a minha vida sem ela, somos dois netos, eu e o meu primo, e apesar de ele não ser de extravasar muito as emoções, tenho a certeza que ficou um pouco meio perdido como eu fiquei.
2 anos passados e continuo com imensa saudade dela, muita mesmo, a casa está vazia, a minha vida mais vazia, verdade que é a lei da vida, mas não estamos nunca preparados para perder as pessoas de quem mais gostamos e eu não estava de todo.
Tenho saudades. Do que vivemos e do que não vivemos, do que ela foi para mim, do que eu fui para ela, tinhamos muito segredos confidenciados uma à outra, guardava segredos como ninguém, e sorrio muito sempre que me lembro, do "último!" que lhe contei e que levou com ela, ficou tão contente quando lhe contei e guardou-o tão bem, por isso, soube (sempre o soube) que o amor, o carinho e o orgulho estavam lá, mesmo que não o manifesta-se!
E a nossa Matilde, avó?! Uma menina, tanto como tu desejavas, com um bocadinho do teu feitio e tudo, tenho a certeza que isto tem dedo teu, vá continua aí a comandar as tropas, que a gente vai-se aguentando por cá.
Avó, onde quer que estejas! um beijo e um abraço demorado, por todos os que demos e pelos que ficaram por dar.
Célia.